RESPOSTA DOS ARQUITETOS PARA ELABORAR O PROJETO

Em 10 de Outubro de 1930, o júri atribui o primeiro lugar ao projecto Quivis Unus de Cottinelli Telmo, construído entre Setembro de 1931 e Dezembro de 1936, e o segundo lugar ao projecto Nina da equipa Carlos Ramos, Jorge Segurado e Adelino Nunes²³. Ambas as propostas apresentam projectos estruturalmente modernos revestidos por uma pele cenográfica inspirada na arquitectura portuguesa do século XVIII, uma espécie de estilo português.
O concurso para Lamego coloca na sua essência um problema ideológico: demolir ou aproveitar o Convento das Chagas existente no terreno a construir o Liceu Latino Coelho. O projecto de Cottinelli, tal como o projecto da equipa de Carlos Ramos, assume a sua modernidade e faz tábua rasa do existente "porque lhe repugnava estropear uma obra de raiz com um enxerto sempre duvidoso"³².
Num terreno com um ligeiro declive a acompanhar a Avenida das Acácias e rematado no plano inferior pela Igreja da Misericórdia, o projecto Quivis Unus estabelece um sistema de composição com dois corpos longos, o corpo principal e o corpo da Educação Física, paralelos entre si e também paralelos à avenida. Estes dois corpos relacionam-se através de elementos perpendiculares - os recreios cobertos, as galerias de ligação e a entrada do corpo da Educação Física.

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INAUGURAÇÃO DO ATUAL EDIFÍCIO - 8 DE NOVEMBRO 1937

Foi a 8 de novembro de 1937 que decorreu a cerimónia de inauguração solene das instalações onde funciona atualmente a Escola Secundária de Latino Coelho – Lamego.
O semanário Beira Douro, que então se publicava nesta cidade, na sua edição de 13 de novembro desse ano, põe em relevo a referida cerimónia. Diz-nos que o senhor Dr. Miranda de Andrade, na qualidade de Reitor, elogiou os traços arquitetónicos do novo edifício, declarando que se tratava de "uma sumptuosa casa dotada de todos os requisitos pedagógicos próprios de uma escola moderna".
Também o jornal Voz de Lamego, publicado a 17 de novembro, se refere à inauguração solene, aludindo à intervenção de encerramento do senhor Presidente da Câmara, de então, Dr. Luís Osório, que acusava de falta de visão de futuro e de sentido estratégico de certas pessoas,que fizeram constar na cidade, que, na construção do Liceu, teria havido gastos desnecessários dada a preocupação megalómana de dotar de grandiosidade as instalações do Liceu, projeto de autoria de Cottinelli Telmo.

HISTÓRIA DA LATINO COELHO ATÉ 15 JANEIRO 1937

Foi em 1880 que foi criado definitivamente o Liceu de Lamego, por Decreto de 30 de outubro de 1880, publicado no Diário do Governo nº 251, de 3 de novembro.
A sua criação ficou a dever-se à abnegada e incansável luta do Doutor Cassiano Neves, então Vereador da Câmara pelo partido Progressista, partido este que estava no poder. Aquilino Ribeiro, na sua obra Arcas Encoiradas, refere-se à pessoa do Doutor Cassiano Neves como "...homem de coração de oiro e a inteligência mais privilegiada que tivera Lamego".
O auto extraordinário de 8 de novembro de 1880 da Câmara Municipal de Lamego dá conta da importância atribuída então, à criação do Liceu.
Até 1886, o Liceu de Lamego funcionou em três edifícios – os baixos do antigo Paço Episcopal (hoje Museu de Lamego), o Antigo Seminário Maior (hoje Messe dos Oficiais do Exército) e a Casa da Tulha e Adega do Cabido da Sé (hoje Papelaria e Livraria da Diocese).
Em 1886, o Liceu foi transferido para a rua Marquês de Pombal, em frente da Igreja da Graça, para o solar da família Pinheiro de Aragão. O arrendamento anual custava à Câmara 225$000 réis. Mais tarde, a Câmara comprou este edifício à família Pinheiro de Aragão por 14 contos de réis.
Os anos foram decorrendo com aumento sucessivo da população escolar. O Liceu tornou-se acanhado, pelo que se impunha a construção de um edifício apropriado. A Câmara ofereceu 15 000 m² de terreno e expropriou mais de 8000 m² num total de 23 795m², que é a área do terreno em forma de polígono irregular de 9 (nove) lados em que está implantada a atual Escola Secundária de Latino Coelho, desde 16 de janeiro de 1937.